PORTO
O Porto é só uma certa maneira de me refugir na tarde,
Forrar-me de silêncio e procurar trazer à tona algumas
Palavras, sem outro fito que não seja o de opor ao corpo
Espesso destes muros a insurreição do olhar.
O Porto é só esta atenção empenhada em escutar os passos
Dos velhos, que a certas horas atravessam a rua para
Passarem os dias no café em frente,os olhos vazios,as
Lágrimas todas das crianças de S. Vítor correndo nos
Sulcos da sua melancolia.
(...)
Eugénio de Andrade, O Porto é só
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